sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Autour de Paris V - Les Arènes de Lutèce


Nas Arènes de Lutèce, verdadeiras arenas romanas do século I escondidas em pleno centro de Paris, duas crianças conversam.

- Meu pai me contou que gladiadores desse tamanho lutaram exatamente aqui, muitos e muitos anos atrás.
- O que é um gladiador?
- Gladiador era um homem que pesava muitão, que carregava uma espada que pesava muitão, um escudo que pesava muitão e vestia uma armadura que pesava muitão e que por levar todo esse peso virava comida de leão.
- Noooossa. O que mais esses gladiadores faziam?
- Meu pai conta que havia batalhas de um contra o outro e só o mais forte sobrevivia.
- Mas por que eles lutavam?
- Pra divertir o imperador e distrair o povo.
- Não era melhor o povo ficar em casa vendo futebol?
- Ai, você é burro, hein? O povo não tinha dinheiro e o futebol naquela época passava só na TV a cabo.
- Como é que você sabe que o povo não tinha dinheiro?
- Se as pessoas tivessem dinheiro você acha que elas se vestiriam com aqueles poucos panos sobre o corpo e aquelas sandálias horríveis de hippie velho?
- É mesmo.
- Meu pai conta ainda que o pai do pai do pai dele era um gladiador.
- Também virou rango de leão?
- Não, o pai do pai do pai do meu papai era um gladiador muito muito forte.
- E por que ele virou gladiador?
- Porque assim ele podia se transformar em alguém importante.
- Não era mais fácil participar do Big Brother?
- E também porque podia depois comprar a liberdade dele.
- Se fosse pra comprar um video-game de última geração eu até entendia.
- Meu pai me diz que naquela época o mais importante era a força, mas que as pessoas aprenderam a dialogar e isso virou coisa do passado.
- Como eles eram brutos.
- Eram sim.
- Inclusive o pai do pai do pai do seu pai.
- Esse não.
- Era sim, como todos os outros.
- Não era não!
- Era sim!
- Era não, seu bobão.
- Era sim, seu idiota.
- Ai, você me chutou!
- Tira o dedo do meu olho!
- Meu cabelo, larga o meu cabelo...
Ps1: Esse texto faz parte da série "Autour de Paris", de crônicas dedicadas a cada um dos bairros da cidade. Para ler os outros, clique aqui.

Ps2: Hoje enfrentei hoje uma batalha (como os gladiadores), e queria compartilhar isso com os leitores do blog: apresentei a minha tese e agora sou mestre em jornalismo cultural pela Sorbonne!

12 comentários:

mami e papi disse...

Charlando ein Dani, como diria a sua avó. Parabéns pela aprovação. Mami e papi estão orgulhosos.
Beijos, mami e papi

Beatriz disse...

Oi Daniel,
Hilário, ri muito daqui!!!
Bjs,
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com

Orlando disse...

Daniel,
Por falar em mestres e gladiadores, sabe dizer se o Anjinho -- o mestre de capoeira de Paris que, segundo Itamar, o mestre dele, não é mestre p* nenhuma -- sobreviveu à correção do título? Estaria bem, o Anjinho, na arena de Lutèce, enfrentando o Itamar...
Orlando

Renata I disse...

Oi daniel

Parabéns pelo blog. Sempre leio vc, mas é a primeira vez que comento. Sou jornalista tb, estou há 5 meses em Paris. Tô estudando francês nível B1.c (quase B2, hehehe), mas ele ainda é macarrônico.
Na verdade, queria saber o seguinte: quais as opções de universidades e mestrados em Jornalismo? Tem que ter aquele histórico escolar CDF? E o nível de francês, qual deve ser?

Desculpa perguntar tanto, mas faz um tempinho que estou pesquisando. Quero ver se consigo algo para setembro....

Sempre escrevi sobre saúde, história, literatura e turismo. Dá pra fazer algo legal nesses assuntos?

Unknown disse...

Hahauhuaa... Ri tanto com as sacadas geniais!

E parabéns pela conquista! :D

Carol D´Alessandro disse...

Parabéns mestre!!

Mariana Viana disse...

Daniel, onde eu encontro seu trabalho de mestrado para eu ler?

Déia disse...

Dani, também quero! E, mais uma vez, parabéns!!!
Beijos pra vc e pra Loulou!

Marisa Muros disse...

Parabéns pelo mestrado, Daniel!
Gosto muito dos seus escritos!!

Marisa Muros

Marcia Lima disse...

Uh là làaaaa!! Félicitations !!!

Anônimo disse...

Poxa que amiga mais furreca, essa; so veio ler seus textos agora. Meu querido, parabéns pelo título e pelos textos, que são ótimos. Agora serei sua leitora. Beijos.

Anônimo disse...

A amiga furreca: Karol Coelho